quinta-feira, 10 de setembro de 2009

HOMOFOBIA, A LEI.

"Ilustres senhores parlamentares: Vossas Excelências podem votar, se
quiserem, essa porcaria de lei que proíbe criticar o homossexualismo.
Podem votá-la até por unanimidade. Podem votá-la sob os aplausos da
Presidência da República, da ONU, do Foro de São Paulo, de George
Soros, das fundações internacionais bilionárias, do Jô Soares, do
beautiful inteiro.

Não vou cumpri-la. Não vou cumpri-la nem hoje, nem amanhã, nem nunca.

Por princípio, não cumpro leis que me proíbam de criticar ou elogiar o
que quer que seja. Nem as que me ordenem fazê-lo.

Não creio que haja, entre os céus e a terra, nada que mereça imunidade
a priori contra a possibilidade de críticas. Nem reis, nem papas, nem
santos, nem sábios, nem profetas reivindicaram jamais um privilégio
tão alto. Nem os faraós, nem Júlio César, nem Átila, o huno, nem
Gengis Khan ambicionaram tão excelsa prerrogativa. O próprio Deus,
quando Jó lhe atirou as recriminações mais medonhas, não tapou a boca
do profeta. Ouviu tudo pacientemente e depois respondeu. As únicas
criaturas que tentaram vetar de antemão toda crítica possível foram
Adolf Hitler, Josef Stálin, Mao-Tse-Tung e Pol-Pot. Só o que
conseguiram com isso foi descer abaixo da animalidade, igualar-se a
vampiros e demônios, tornar-se alvos da repulsa universal.

Nada é incriticável. Quanto mais o simples gostinho que algumas
pessoas têm de fazer certas coisas na cama.

Nunca na minha vida parei para pensar se havia algo de errado no
homossexualismo. Agora estou começando a desconfiar que há. Nenhuma
coisa certa, nenhuma coisa boa, nenhuma coisa limpa necessita se
esconder por trás de uma lei hedionda que criminaliza opiniões. Quem
está de boa intenção recebe críticas sem medo, porque sabe que é capaz
de respondê-las no campo da razão, talvez até de humilhar o adversário
com a prova da sua ignorância e má-fé. Só quem sabe que está errado
precisa se proteger dos críticos com uma armadura jurídica que aliás o
desmascara mais do que nenhum deles jamais poderia fazê-lo. Só quem
não tem o que responder pode pedir socorro ao aparato repressivo do
Estado para fugir da discussão. E quanto mais se esconde, mais põe sua
fraqueza à mostra.

Sim, senhores. Nunca, ao longo dos séculos, alguém rebaixou, humilhou,
desmascarou e escarneceu da comunidade gay como Vossas Excelências
estão em vias de fazer.

As pessoas podem ter acusado os homossexuais de fingidos, de
ridículos, de tarados, de pecadores. Ninguém jamais os qualificou de
tiranos, de nazistas, de inimigos da liberdade, de opressores da
espécie humana. Vossas Excelências vão dar a eles, numa só canetada,
todas essas lindas qualidades.

Depois não reclamem quando aqueles a quem essa lei estúpida jura
proteger se tornarem objeto de temor e ódio gerais, como acontece a
todos os que tomam de seus desafetos o direito à palavra.

Quem, aprovada a PLC 122/06, se sentirá à vontade para conversar com
pessoas que podem mandá-lo para a cadeia à primeira palavrinha
desagradável? Os homossexuais nunca foram discriminados como dizem que
o são. Graças a Vossas Excelências, serão evitados como a peste".

Jornal do Brasil / 24-05-2007
Olavo de Carvalho
Filósofo e Escritor

Um comentário:

Unknown disse...

parabéns para você...tem mais algoa pronunciar?