sábado, 11 de outubro de 2014

OS CINCO MINISTÉRIOS NA IGREJA

Estudo 001
OS CINCO MINISTÉRIOS NA IGREJA


Introdução:

Na formação da igreja no primeiro século, os ensinos de Cristo impactaram de tal forma os novos convertidos, que sem dispor de um documento canônico, em forma de livro como temos hoje a Bíblia, eles tinham uma compreensão exata da orientação divina. A credibilidade dos primeiros apóstolos era indiscutível. As pessoas que se convertiam não ousavam “discutir” teologia com os líderes escolhidos e indicados pelo Senhor Jesus para estabelecer os fundamentos da igreja.
O “didake”[1] ajudava na disseminação das verdades bíblicas entre as comunidades que surgiam dia após dia. Por esta razão foi relativamente fácil para os discípulos compreenderem o estabelecimento dos cinco ministérios, para conduzir e cuidar da igreja em toda a terra.

A igreja não nasceu pastoral, ela nasceu apostólica. Sempre foi apostólica e não há nenhum registro, eclesiástico ou histórico, que afirme o fim dos apóstolos ou da estrutura apostólica.
O que ocorre hoje, em escala mundial, não é a “invenção” de um movimento apostólico, mas uma volta às origens, uma vez que os cinco ministérios nunca foram revogados, nem por Deus nem por nenhuma “autoridade” eclesiástica na terra.

1.     Foi o Senhor Jesus que estabeleceu os cinco ministérios:

E não poderia ser de outro modo. Sendo ele o fundador, salvador e Senhor da igreja, ele mesmo é o responsável pelas diretrizes e doutrinas de sua igreja.

A.    Uma estrutura grande demais para um só ministério.

Os ministérios não são maiores ou menores em sua importância. Existem igrejas que tratam dos cinco ministérios, como uma hierarquia, dando a entender que o ministério é uma carreira profissional, onde a competência é o impulsionador dos líderes estabelecidos por Deus.
Os ministérios são diferentes, e é na diferença que eles se ajustam com perfeição para fundamentar o corpo de Cristo.
Não pode e não deve existir uma igreja sem pastor. Como também não pode e não deve haver uma igreja sem o ministério evangelístico. E sem profeta pode uma igreja caminhar? Sem um mestre para prover o alimento sólido e racional para os discípulos? E se não tiver o ministério apostólico, como se poderá fundamentar uma igreja em determinada região? 
Nunca foi o propósito de Deus colocar uma igreja, sobre as costas de um pastor, cuja função ministerial é apenas cuidar de ovelhas. Esse cuidado é expresso através do relacionamento pessoal. O pastor é um conselheiro, um amigo, um companheiro, um irmão mais velho que cuida com carinho dos mais novos.
Mas devemos admitir que o cuidado pastoral, por si só, não provê o ensino revelacional e saudável para o rebanho. É necessário um mestre, para discipular as ovelhas na Palavra.
Um rebanho com muito amor pastoral pode ser um rebanho feliz, mas sem um mestre na Palavra será fraco, sem postura de reação aos ataques malignos. Não basta ser feliz. É preciso ser feliz e forte. É preciso ser forte e sábio. É preciso ser sábio e conquistador. É preciso ser conquistador e obediente.
É preciso viver amparado pelos cinco ministérios. É imperativo implantar o Reino de Deus fundamentado nos cinco ministérios.
O governo da igreja, não pode ser exercido somente por um ministério pastoral.


B.    Jesus Cristo selecionou e treinou apóstolos. Mc 3.13-19

Ao convocar os doze homens para o seguirem e serem treinados por Ele, Jesus sabia que precisava de doze líderes com uma mentalidade apostólica, que seriam responsáveis pela edificação, doutrina, expansão e governo da igreja.
Não foram treinados como pastores cuja visão está somente no rebanho. Eles precisavam de uma visão global, que os levasse além das fronteiras de Israel e pudessem enxergar o último homem, até os confins da terra.
Jesus não veio à terra tão somente para transformar pecadores salvos em ovelhas sem destino e sem propósito. Seu objetivo era reverter a derrota de Adão, numa vitória indiscutível e eterna e dar sequência ao plano que fora entregue ao homem no Jardim do Éden, que era o governo da terra. Gn 1.26-28
Por isso os homens chamados e treinados, precisavam ter uma mentalidade apostólica. Uma mentalidade de conquista e ousadia para vencer todos os obstáculos que se apresentariam diante do empreendimento divino de estabelecer o Reino em toda a terra.
A palavra apóstolo carrega em si mesma uma carga de responsabilidade tão profunda, que explica o porquê desta designação para os homens que dariam início ao maior empreendimento humano, implantado na terra.
Apóstolo significa enviado. Todo enviado tem uma missão a cumprir. Jesus veio do céu como apóstolo.

“Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de QUE O PAI ME ENVIOU.” (João 5:36)

Portanto aqueles que foram chamados, foram treinados por um apóstolo. Jesus não os chamou para que ficassem agrupados numa igreja em Jerusalém. O ministério apostólico foi criado para estabelecer os fundamentos do Reino de Deus na terra. E isto se dá através da Igreja.
Apóstolos não trabalham como pastores locais conduzindo um rebanho. Eles se deslocam, em variadas direções, constituindo bases doutrinárias e regras eclesiásticas para que a igreja invisível se torne visível e manifeste a presença divina onde estiver plantada.

C.     Jesus Cristo não ensinou os apóstolos a fazer milagres.

Todo o treinamento feito com os apóstolos tinha dois aspectos interessantes.

a.     Não havia a preocupação por parte de Jesus de ensinar os discípulos a operarem milagres. Para Jesus milagres e operações de maravilhas era apenas o resultado de uma vida obediente a Deus. Era uma conseqüência da fé. Mc 16.15

b.     A ênfase de todo o ensino e treinamento era sobre o Reino de Deus. Anunciar, ensinar e implantar o Reino entre os homens. O tema Reino de Deus era tão importante, que mesmo após a ressurreição, Jesus ficou cerca de quarenta dias ministrando somente sobre o Reino de Deus.

“A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.” (Atos 1:3)


2.     Sem os cinco ministérios a igreja não tem maturidade:
A.    Os ministérios são fundamentos ministeriais.

Os ministérios são fundamentais para o fluir da vida na igreja. Como ordenar as coisas espirituais sem homens chamados por Deus para organizar a vida prática da igreja? As mensagens, revelações, adoração, e outros aspectos da manifestação espiritual da igreja, só são possíveis se forem estabelecidos dentro de um padrão de ordem, para evitar a confusão entre a membresia.

B.    Os ministérios são chamados a atuar em cada momento da igreja.

Os ministérios atuam nos momentos em que a necessidade da igreja se faz presente. Há momentos em que a igreja precisa de uma palavra pastoral. Neste caso entra em ação o Pastor e com a unção que tem, traz a palavra certa para consolo e orientação das ovelhas.
Se a igreja entra num projeto de evangelismo, o Evangelista é chamado a operar seu ministério neste momento.
Quando a necessidade é amadurecimento  na Palavra, o Mestre traz a sua sabedoria e conhecimento para levar a igreja a um nível de conhecimento excelente.
Para fundamentar a igreja em determinado local, o Apóstolo motiva a igreja, formatando a característica correta e os demais ministérios cumprem seu ministério.
O profeta é o que traz a direção correta ao rebanho. É importante dizer que o fato do profeta mostrar a direção, não é ele quem constrange a igreja a seguir na direção apontada.

C.     Toda a igreja é envolvida pela atuação dos cinco ministérios

Quando os cinco ministérios estão atuando, a igreja funciona como um corpo bem ajustado e trabalham em forte cooperação uns com os outros. A unidade é um dos pilares na formação da igreja. Os cinco ministérios trabalham em prol da unidade, porque sabem que se a unidade não estiver presente num rebanho, a probabilidade do fracasso é muito grande.
Em Ef 4.11, Paulo afirma que os cinco ministérios trabalham para a edificação do corpo. Não existe edificação sem unidade.
Como na construção de um edifício, os tijolos são unidos um a um, pela argamassa que é formada a partir da união do cimento, da areia e da água pelas mãos do pedreiro, e quando se ajustam uns sobre os outros, unidos e revestidos pela massa formam um conjunto único chamado de parede ou muro.

3.     Os cinco ministérios são geradores de ministérios:

A.    A igreja é gerada por ministérios.

A igreja formada por um grupo de pessoas sem uma direção ministerial sólida baseada nos cinco ministérios, á apenas um aglomerado de pessoas que se reúnem sem saber para onde ir.
Observe que Jesus Cristo não se preocupou em conseguir milhares e milhares de pessoas para estabelecer sua igreja. A preocupação dele durante os três anos e meio, foi chamar, discipular, estabelecer e enviar os doze apóstolos com a missão de formarem a igreja.
Cristo não construiu o edifício, Ele apenas deu a planta. Apresentou o projeto e deixou por conta dos doze homens treinados para isso.

B.    Os doze precisavam multiplicar-se.

Os apóstolos sabiam que a igreja não era um corpo local, mas mundial, ou seja, seria implantada em toda a terra. Por isso tinham a plena consciência que a tarefa não era somente para eles, mas para muitos outros apóstolos, profetas, mestres, pastores e evangelistas.
Entre os que conquistavam para Cristo, eles sabiam que deviam descobrir homens e mulheres que aceitassem o chamado divino para cumprir a nobre tarefa. Esses escolhidos recebiam atenção especial, porque necessitavam de treinamento especial e urgente para cumprir a tarefa.

C.     A própria igreja tem o dever de gerar os ministérios.

Os cinco ministérios geram a igreja e a igreja gera novos ministros para os cinco ministérios. Uma igreja apostólica possui a visão correta do Reino de Deus, e ela entende que uma igreja bem fundamentada, deve ser entre outras coisas, frutífera. Quando usamos a palavra frutificar, a primeira coisa que surge em nossa mente é frutificar quantitativamente, ou seja, pensamos em aumentar numericamente o rebanho. Mas os frutos precisam também ser mensurados qualitativamente, ou seja, não apenas “ganhar almas para o Senhor” é preciso também produzir frutos que frutifiquem. Crentes imaturos que se transformem em obreiros maduros. Paulo chamou este processo de aperfeiçoamento dos santos.
Os cinco ministérios têm o dever de produzir uma igreja aperfeiçoada e uma igreja aperfeiçoada tem o dever de produzir obreiros maduros.


FIM




[1] Didake:  Escritos que circulavam entre os apóstolos e líderes no inicio da igreja. Começou com uma tradição meramente oral, e depois escrita entre os anos 80 e 225 d.C.. Falava sobre aspectos doutrinários e eventos escatológicos, como a segunda vinda de Cristo. O documento em sua forma integral foi encontrado em Constantinopla, pelo Bispo da Igreja Ortodoxa da Nicomédia, em 1875.