Estudo 001
OS CINCO MINISTÉRIOS NA
IGREJA
Introdução:
Na formação da igreja no primeiro século, os
ensinos de Cristo impactaram de tal forma os novos convertidos, que sem dispor
de um documento canônico, em forma de livro como temos hoje a Bíblia, eles
tinham uma compreensão exata da orientação divina. A credibilidade dos
primeiros apóstolos era indiscutível. As pessoas que se convertiam não ousavam
“discutir” teologia com os líderes escolhidos e indicados pelo Senhor Jesus
para estabelecer os fundamentos da igreja.
O “didake”[1]
ajudava na disseminação das verdades bíblicas entre as comunidades que surgiam
dia após dia. Por esta razão foi relativamente fácil para os discípulos
compreenderem o estabelecimento dos cinco ministérios, para conduzir e cuidar
da igreja em toda a terra.
A igreja não nasceu pastoral, ela nasceu
apostólica. Sempre foi apostólica e não há nenhum registro, eclesiástico ou
histórico, que afirme o fim dos apóstolos ou da estrutura apostólica.
O que ocorre hoje, em escala mundial, não é a “invenção” de um movimento apostólico,
mas uma volta às origens, uma vez que os cinco ministérios nunca foram
revogados, nem por Deus nem por nenhuma “autoridade”
eclesiástica na terra.
1.
Foi o Senhor Jesus que
estabeleceu os cinco ministérios:
E não poderia ser de
outro modo. Sendo ele o fundador, salvador e Senhor da igreja, ele mesmo é o
responsável pelas diretrizes e doutrinas de sua igreja.
A.
Uma estrutura grande
demais para um só ministério.
Os ministérios não são
maiores ou menores em sua importância. Existem igrejas que tratam dos cinco
ministérios, como uma hierarquia, dando a entender que o ministério é uma
carreira profissional, onde a competência é o impulsionador dos líderes
estabelecidos por Deus.
Os ministérios são
diferentes, e é na diferença que eles se ajustam com perfeição para fundamentar
o corpo de Cristo.
Não pode e não deve
existir uma igreja sem pastor. Como também não pode e não deve haver uma igreja
sem o ministério evangelístico. E sem profeta pode uma igreja caminhar? Sem um
mestre para prover o alimento sólido e racional para os discípulos? E se não
tiver o ministério apostólico, como se poderá fundamentar uma igreja em
determinada região?
Nunca foi o propósito de
Deus colocar uma igreja, sobre as costas de um pastor, cuja função ministerial
é apenas cuidar de ovelhas. Esse cuidado é expresso através do relacionamento
pessoal. O pastor é um conselheiro, um amigo, um companheiro, um irmão mais
velho que cuida com carinho dos mais novos.
Mas devemos admitir que o
cuidado pastoral, por si só, não provê o ensino revelacional e saudável para o
rebanho. É necessário um mestre, para discipular as ovelhas na Palavra.
Um rebanho com muito amor
pastoral pode ser um rebanho feliz, mas sem um mestre na Palavra será fraco,
sem postura de reação aos ataques malignos. Não basta ser feliz. É preciso ser
feliz e forte. É preciso ser forte e sábio. É preciso ser sábio e conquistador.
É preciso ser conquistador e obediente.
É preciso viver amparado
pelos cinco ministérios. É imperativo implantar o Reino de Deus fundamentado
nos cinco ministérios.
O governo da igreja, não
pode ser exercido somente por um ministério pastoral.
B.
Jesus Cristo selecionou e
treinou apóstolos. Mc 3.13-19
Ao convocar os doze
homens para o seguirem e serem treinados por Ele, Jesus sabia que precisava de
doze líderes com uma mentalidade apostólica, que seriam responsáveis pela
edificação, doutrina, expansão e governo da igreja.
Não foram treinados como
pastores cuja visão está somente no rebanho. Eles precisavam de uma visão
global, que os levasse além das fronteiras de Israel e pudessem enxergar o
último homem, até os confins da terra.
Jesus não veio à terra
tão somente para transformar pecadores salvos em ovelhas sem destino e sem
propósito. Seu objetivo era reverter a derrota de Adão, numa vitória
indiscutível e eterna e dar sequência ao plano que fora entregue ao homem no
Jardim do Éden, que era o governo da terra. Gn 1.26-28
Por isso os homens
chamados e treinados, precisavam ter uma mentalidade apostólica. Uma
mentalidade de conquista e ousadia para vencer todos os obstáculos que se
apresentariam diante do empreendimento divino de estabelecer o Reino em toda a
terra.
A palavra apóstolo
carrega em si mesma uma carga de responsabilidade tão profunda, que explica o
porquê desta designação para os homens que dariam início ao maior
empreendimento humano, implantado na terra.
Apóstolo significa
enviado. Todo enviado tem uma missão a cumprir. Jesus veio do céu como
apóstolo.
“Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o
Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu
respeito de QUE O PAI ME ENVIOU.” (João 5:36)
Portanto aqueles que foram
chamados, foram treinados por um apóstolo. Jesus não os chamou para que
ficassem agrupados numa igreja em Jerusalém. O ministério apostólico foi criado
para estabelecer os fundamentos do Reino de Deus na terra. E isto se dá através
da Igreja.
Apóstolos não trabalham como
pastores locais conduzindo um rebanho. Eles se deslocam, em variadas direções,
constituindo bases doutrinárias e regras eclesiásticas para que a igreja
invisível se torne visível e manifeste a presença divina onde estiver plantada.
C.
Jesus Cristo não ensinou
os apóstolos a fazer milagres.
Todo o treinamento feito
com os apóstolos tinha dois aspectos interessantes.
a.
Não havia a preocupação por parte de Jesus de ensinar os discípulos a
operarem milagres. Para Jesus milagres e operações de maravilhas era apenas o
resultado de uma vida obediente a Deus. Era uma conseqüência da fé. Mc 16.15
b.
A ênfase de todo o ensino e treinamento era sobre o Reino de Deus.
Anunciar, ensinar e implantar o Reino entre os homens. O tema Reino de Deus era
tão importante, que mesmo após a ressurreição, Jesus ficou cerca de quarenta
dias ministrando somente sobre o Reino de Deus.
“A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas
provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas
concernentes ao reino de Deus.” (Atos 1:3)
2.
Sem os cinco ministérios
a igreja não tem maturidade:
A.
Os ministérios são
fundamentos ministeriais.
Os ministérios são
fundamentais para o fluir da vida na igreja. Como ordenar as coisas espirituais
sem homens chamados por Deus para organizar a vida prática da igreja? As
mensagens, revelações, adoração, e outros aspectos da manifestação espiritual
da igreja, só são possíveis se forem estabelecidos dentro de um padrão de
ordem, para evitar a confusão entre a membresia.
B.
Os ministérios são
chamados a atuar em cada momento da igreja.
Os ministérios atuam nos
momentos em que a necessidade da igreja se faz presente. Há momentos em que a
igreja precisa de uma palavra pastoral. Neste caso entra em ação o Pastor e com
a unção que tem, traz a palavra certa para consolo e orientação das ovelhas.
Se a igreja entra num
projeto de evangelismo, o Evangelista é chamado a operar seu ministério neste
momento.
Quando a necessidade é
amadurecimento na Palavra, o Mestre traz
a sua sabedoria e conhecimento para levar a igreja a um nível de conhecimento
excelente.
Para fundamentar a igreja
em determinado local, o Apóstolo motiva a igreja, formatando a característica
correta e os demais ministérios cumprem seu ministério.
O profeta é o que traz a
direção correta ao rebanho. É importante dizer que o fato do profeta mostrar a
direção, não é ele quem constrange a igreja a seguir na direção apontada.
C.
Toda a igreja é envolvida
pela atuação dos cinco ministérios
Quando os cinco ministérios
estão atuando, a igreja funciona como um corpo bem ajustado e trabalham em
forte cooperação uns com os outros. A unidade é um dos pilares na formação da
igreja. Os cinco ministérios trabalham em prol da unidade, porque sabem que se
a unidade não estiver presente num rebanho, a probabilidade do fracasso é muito
grande.
Em Ef 4.11, Paulo afirma
que os cinco ministérios trabalham para a edificação do corpo. Não existe
edificação sem unidade.
Como na construção de um
edifício, os tijolos são unidos um a um, pela argamassa que é formada a partir
da união do cimento, da areia e da água pelas mãos do pedreiro, e quando se
ajustam uns sobre os outros, unidos e revestidos pela massa formam um conjunto
único chamado de parede ou muro.
3.
Os cinco ministérios são
geradores de ministérios:
A.
A igreja é gerada por
ministérios.
A igreja formada por um
grupo de pessoas sem uma direção ministerial sólida baseada nos cinco
ministérios, á apenas um aglomerado de pessoas que se reúnem sem saber para
onde ir.
Observe que Jesus Cristo
não se preocupou em conseguir milhares e milhares de pessoas para estabelecer
sua igreja. A preocupação dele durante os três anos e meio, foi chamar,
discipular, estabelecer e enviar os doze apóstolos com a missão de formarem a
igreja.
Cristo não construiu o
edifício, Ele apenas deu a planta. Apresentou o projeto e deixou por conta dos
doze homens treinados para isso.
B.
Os doze precisavam
multiplicar-se.
Os apóstolos sabiam que a
igreja não era um corpo local, mas mundial, ou seja, seria implantada em toda a
terra. Por isso tinham a plena consciência que a tarefa não era somente para
eles, mas para muitos outros apóstolos, profetas, mestres, pastores e
evangelistas.
Entre os que conquistavam
para Cristo, eles sabiam que deviam descobrir homens e mulheres que aceitassem
o chamado divino para cumprir a nobre tarefa. Esses escolhidos recebiam atenção
especial, porque necessitavam de treinamento especial e urgente para cumprir a
tarefa.
C.
A própria igreja tem o
dever de gerar os ministérios.
Os cinco ministérios
geram a igreja e a igreja gera novos ministros para os cinco ministérios. Uma
igreja apostólica possui a visão correta do Reino de Deus, e ela entende que
uma igreja bem fundamentada, deve ser entre outras coisas, frutífera. Quando
usamos a palavra frutificar, a primeira coisa que surge em nossa mente é
frutificar quantitativamente, ou seja, pensamos em aumentar numericamente o
rebanho. Mas os frutos precisam também ser mensurados qualitativamente, ou
seja, não apenas “ganhar almas para o
Senhor” é preciso também produzir frutos que frutifiquem. Crentes imaturos
que se transformem em obreiros maduros. Paulo chamou este processo de
aperfeiçoamento dos santos.
Os cinco ministérios têm
o dever de produzir uma igreja aperfeiçoada e uma igreja aperfeiçoada tem o
dever de produzir obreiros maduros.
FIM
[1]
Didake: Escritos que circulavam entre os
apóstolos e líderes no inicio da igreja. Começou com uma tradição meramente
oral, e depois escrita entre os anos 80 e 225 d.C.. Falava sobre aspectos
doutrinários e eventos escatológicos, como a segunda vinda de Cristo. O
documento em sua forma integral foi encontrado em Constantinopla, pelo Bispo da
Igreja Ortodoxa da Nicomédia, em 1875.
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