sexta-feira, 16 de novembro de 2007

OS EVANGÉLICOS E O ABORTO


Ap Paulo Ventura
“Não matarás” Ex 20.13
Os evangélicos, por sua postura corajosa e aguerrida em defesa de seus ideais e doutrinas, deveriam assumir uma posição de vanguarda, nestas questões polemicas e de difícil aceitação pela sociedade.
O cristianismo evangélico, tanto no seu período histórico, quanto na modernidade, sempre se distinguiu de outros grupos religiosos, pelo seu profundo apego e amor à Bíblia Sagrada. O seu temor, reverência e sagrado respeito pelo Livro Santo, considerando-o como a genuína e verdadeira Palavra do Senhor Deus Todo Poderoso, lhe dá o privilégio de contar com a mais profunda fonte de sabedoria do conhecimento humano.
Não há nenhuma forma de inteligência conhecida, cujas raízes não apareçam, desde os primórdios na Bíblia Sagrada. Segredos científicos, plena realização na vida espiritual, sabedoria popular ou desenvolvimento intelectual estão registrados, e hoje devidamente comprovados, em suas abençoadas páginas.
É mais completo manual de informações, uma verdadeira enciclopédia, sobre a mulher. Não há outro igual, seja qual for o aspecto que se queira analisar. Tanto faz que a mulher seja vista pela sua beleza física, pela sua estrutura emocional, sentimental ou psicológica, por sua sensibilidade espiritual, muito maior que a do homem, ou pela formação do seu intelecto, que ao contrário da inteligência masculina, possui também a chamada intuição feminina, uma característica que lhe foi bondosamente outorgada por Deus, colocando-a em real vantagem sobre o homem, cujo raciocínio é, na maioria das vêzes limitado pela lógica.
Pelas razões apresentadas, é que não entendemos, porque muitas vezes, os evangélicos demoram-se ou se omitem, quando a sociedade e os governos discutem sobre legalização de uma prática, que na orientação divina, está definitivamente descartada.
O assassinato, em suas múltiplas formas, é uma gravíssima quebra das leis divinas. E não estamos tratando de discutir se o aborto é ou não um crime. Discutir isto, é tirar o foco da questão central, que é o valor de uma vida humana. Tampouco tentar analisar se alguns motivos são válidos e outros não. A sociedade discute, porque tenta encontrar motivos que justifiquem o aborto. É o calor dos debates, acompanhado de grande publicidade e uma massiva mobilização popular, que revelam as dúvidas que a humanidade tem sobre tal prática. E a dúvida, por si só, mostra o colossal erro de matar um ser, fraco, indefeso, sem nenhuma possibilidade de reação, e que a ninguém, a ninguém mesmo, nem aos seus próprios pais, pediu para ser gerado. Fico imaginando um ser vivo dentro de uma barriga, sem ter para onde fugir, e se desesperando, na angústia da morte, principalmente porque sua morte é para satisfazer ao desejo de rejeição de alguém.
É uma cena dramática. Nasceu sem ter pedido para nascer. E vai morrer sem ter pedido para morrer. Tudo isto porque nas poucas semanas em que viveu, não teve sorte suficiente, para conquistar o amor de alguém. Nem daquela que o gerou.
Existem pelo menos seis razões, pelas quais as mulheres se submetem a estas constrangedores circunstâncias. Vejamos cada uma separadamente:
Primeiro: Mulheres que precisam ocultar o fruto do seu erro.
Não são poucas as mulheres que vivem situações em que a sua gravidez tem que ser ocultada de todos. Mulheres casadas que, por motivos que não cabem analisar aqui, mantém um romance fora do casamento e como resultado deste ato, engravidam. Esta gestação, se prosperar, revelará o seu erro. Por isso terá que ser interrompida. Ou uma mulher, mesmo solteira, mas que pelos mesmos motivos não podem aparecer com uma criança perante a família.
A Bíblia diz que um abismo chama outro abismo. O adultério será escondido com um aborto. Uma criança morre e todos ficam, aparentemente, bem.
Quem pode defender o aborto nestas circunstâncias? Os evangélicos devem se omitir diante disso? Nossa posição é radicalmente contra o aborto.
Segundo: Famílias que alegam não ter condições financeiras para criar o filho.
Desculpas comumente usada em países pobres, cuja linha de pobreza exclui milhões de pessoas de acesso as coisas básicas da vida. Geralmente é nestes países, que a corrupção governamental assume a forma de endemia. Desviam bilhões e bilhões de dólares, abandonando o povo à míngua. Nega-se ao povo o básico da vida, tais com casa, comida, emprego, saúde, segurança e educação. Mas, seria isto, uma boa desculpa para assassinatos em massa, através do aborto? Alguém se arriscaria entrar nesta causa para fazer campanhas em favor do aborto? Se alguém tem coragem para batalhar em favor destas famílias, não seria melhor usar a sua coragem para combater os governantes corruptos e dar condições paras estas famílias criarem os seus filhos?
Como no caso anterior, um pecado produz o outro pecado. Um abismo chama outro abismo.
Não lute a favor do aborto. Lute contra os líderes corruptos. Nesta situação, o aborto é o efeito dos atos dos governantes desonestos. A desonestidade deles é a causa. Por uma questão de inteligência e bom senso, elimine a causa e os efeitos desaparecerão.
Os evangélicos neste caso continuam contra o aborto, da mesma forma que são contra os homens que recebem a confiança do povo para governá-lo e depois traem esta confiança.
Terceiro: Filhos que são gerados com má formação congênita.
Com a tecnologia que a humanidade dispõe hoje, duas situações extremamente importantes passaram a fazer parte do cotidiano da medicina obstetrícia. A primeira veio com os aparelhos de ultra-sonografia, que pode com perfeição, identificar o sexo do feto, bem como descobrir qualquer anomalia porventura existente em sua formação. Isto por si só, já seria algo fantástico. Mas não é tudo.
A segunda é que com o desenvolvimento da tecnologia de ponta, a medicina desenvolveu instrumentos cirúrgicos, capazes de efetuar uma operação, com precisão milimétrica, num feto, dentro da barriga de uma mulher. Isto é mais fantástico ainda. Quase que diariamente a mídia anuncia cirurgias deste tipo, por todo o mundo.
Mas, ainda que não seja possível, efetuar uma correção cirúrgica num feto, isto é considerado um bom motivo para o aborto? Se não pode ser perfeito como um de nós, ele perde o direito de ser amado? Perde a chance de nascer e viver entre nós? Se não pode viver porque tem uma deficiência física, qual o raciocínio que deveríamos ter para com aqueles que após um acidente, ficam também deficientes. Que deveríamos fazer com eles?
Desde a fundação da igreja, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que nós os evangélicos acreditamos e pregamos sobre milagres e, segundo nosso ponto de vista, se a medicina não puder resolver, ainda existe a possibilidade da ocorrência de um milagre. No universo evangélico, em qualquer parte do mundo, estamos todos os dias a ouvir milagres desta natureza.
Mas, creiam, sinceramente, se a medicina não resolver o problema, se não ocorrer o milagre, ainda ficaremos com a alternativa do amor. Se vier ao mundo, numa situação desprivilegiada, ainda assim poderemos amá-lo e fazê-lo se sentir como uma pessoa perfeita.
Os evangélicos que tanto pregam sobre o amor, não podem de modo algum, aceitar o aborto nesta circunstância. O amor supera o desamor.
Quarto: Mulheres que são vítimas de estupro:
Ninguém ignora que a barbaridade de um estupro é demasiadamente traumática para qualquer ser humano, ainda mais para uma mulher indefesa. Este trauma resulta numa dor ainda mais profunda, se o ato provoca uma gravidez indesejada. A delicadeza da situação se revela no fato de que, um estupro sem gravidez, produz uma vítima; um estupro com gravidez produz duas vítimas.
A mulher brutalizada pelo estupro, não é uma criminosa, é apenas uma infeliz vítima de crime hediondo, mas quando decide provocar o aborto, ela assume também o ônus da culpa pela eliminação da segunda vítima, que é uma criança que não pediu para estar envolvida nesta desgraça toda.
O aborto, num caso deste, acaba deixando nesta mulher as marcas de um segundo trauma. Uma culpa que vai persegui-la pelo resto de sua vida. Na verdade, no afã de curar um trauma, ela aprofunda o primeiro e adquire o segundo.
O trauma pode ser tratado com o competente acompanhamento médico e psicológico, e, simultaneamente com ajuda espiritual da igreja, através da comunhão, oração e orientação espiritual, ministrada por quem de direito.
Acerca da criança, se a mulher, em virtude do trauma ou qualquer outro aspecto, não puder criá-la como deve ser, resta-lhe a alternativa de doá-la para uma família que esteja em condições de recebê-la, cercando-a de amor, afeto, carinho e uma sólida estrutura psicológica e familiar.
Esta atitude impede a mãe de se tornar uma culpada, e dá a vida a alguém que não pediu para nascer; mas nascendo, pede para não morrer.
Nós os evangélicos, cremos que a interferência divina numa tragédia como esta, é tremendamente importante para restauração e equilíbrio emocional de uma mulher. Ela não deve fazer o aborto.

Quinto: Quando a gravidez apresenta risco de morte para a mãe ou para a criança.
Independente da vontade da mulher ou dos médicos, ou até mesmo das circunstâncias, uma gravidez pode apresentar-se como sendo de alto risco. Por vezes a situação torna-se tão dramática e irreversível, a ponto de ameaçar a sobrevivência da mãe ou da criança. Ao defrontar-se com um quadro desta natureza, onde um dos dois com certeza morrerá, os médicos são forçados a tomar uma decisão: Salvar a criança ou a mãe.
Quando ocorre isto, a decisão é sempre deixar morrer a criança e salvar a vida da mãe. Existem três fatores a serem considerados nesta ocasião: Em primeiro lugar não é a mãe ou pai que tomam tal decisão, são os médicos. Em segundo lugar, a opção por salvar a mãe resulta num raciocínio lógico, isto é, os médicos sabem que a mulher tem um marido e uma família para cuidar. Já tem um histórico de vida. Tem relacionamentos formados. E sua ausência do seio da família seria muito mais prejudicial, a muito mais pessoas. Além do mais, com o passar do tempo, ainda é possível que esta mulher venha a passar pela experiência de uma nova gravidez, e desta vez, sem riscos. E finalmente, em terceiro lugar, quando os médicos salvam uma mulher, e, sacrificam a criança, eles estão fazendo uma opção pela vida, e não pela morte. A mulher não interfere porque não é uma decisão de aspecto emocional, é um ato racional. Os médicos pela natureza de sua profissão, não agem nos momentos críticos, quando vida ou morte depende deles, pela fragilidade das emoções, mas pela frieza da realidade.
Os evangélicos, não espiritualizam este tipo de fato, porque conhecem que a natureza como ela é, tem seus pontos positivos e negativos e, sem o pecado seguramente não aconteceriam estas coisas, mas, uma vez que o pecado tornou-se uma trágica realidade na vida do ser humano, não resta alternativa a não ser concordar com a medicina.
Sexto: Quando a mulher não tem afeto natural e não consegue amar uma criança.
Voce pode considerar que tal afirmativa é um absurdo, nós também pensamos assim, mas, apesar de nosso constragimento ao ter que admitir isto, é um fato real, e não tão raro quanto se supõe. Aliás, o número de mulheres, que rejeitam a maravilhosa virtude da maternidade, tem aumentado consideravelmente, em todo o mundo.
Existem razões que podem ser discutidas e analisadas, como justificativas, para este desvio do comportamento feminino. Dentre elas, apontam-se o desenfreado aumento da homossexualidade, de ambos os sexos; a decadência da estrutura familiar, em todo o mundo e uma distorcida visão dos movimentos feministas, que levando a mulher para competir com o homem no campo profissional, arrancou-a de dentro do lar, criando a mentalidade de que a gravidez é uma desvantagem para ela, e não uma virtude, divina e graciosamente concedida.
O aborto realizado por uma mulher, tendo como justicativa a falta de amor, pode ser considerado o pior dos vilipêndios, porque a criança, perde o direito à vida, por um motivo fútil e sua morte é banalizada. É como se alguém jogasse um papel velho e sem importância no lixo.
E o mais curioso, é que esta mesma mulher, está viva, porque um dia a mãe que a gerou, não pensou da mesma forma, que ela pensa hoje. Foi amada e ganhou a vida. Agora não sabe amar e destrói a vida.
Os evangélicos têm sua posição bem definida a respeito disto e, jamais concordariam com o aborto, baseado neste tipo de alegação. Mas, independente de posição religiosa, quem poderia concordar, ou considerar natural uma interrupção de vida, desta natureza?
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Sem espaço para arraigadas considerações, esta é, em linhas gerais a posição dos evangélicos, como denominação religiosa, com doutrina bíblica baseada nos evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo e na doutrina dos apóstolos, cuja ênfase sobre ética nos relacionamentos humanos, execede, sem dúvida alguma, todos os tratados e convenções sociais, conhecidos até hoje, sobre direitos e deveres, na sociedade em que vivemos.





Um comentário:

Anônimo disse...


A paz do Senhor Jesus irmão Paulo, tenho um blog evangelístico e coloquei uma postagem sua:
"Os evangélicos e o aborto", identifiquei que veio de sua autoria e tudo mais, minha intensão é de evangelizar e nada mais, poderia eu continuar com sua postagem em meu blog?
Aguardo resposta.
Um forte abraço.
Deus te abençoe.